SISTEMA PRESSURIZADO DE ÁGUA FRIA E QUENTE, POR QUE NÃO ADOTAR? – Engº Sérgio Koiti Kasazima

No Brasil, devido à falta de constância no abastecimento de água, criou-se a figura dos reservatórios de armazenamento, um inferior e outro superior, e a distribuição era feita de forma gravitacional.

O sistema de pressurização de água fria e quente é uma solução hidráulica que existe há várias décadas, e largamente utilizada mundialmente. No inicio a utilização de sistemas pressurizados estava ligada a sistemas industriais, posteriormente iniciou-se sua utilização em edificações comerciais, tais como: academias, teatros, casas de show, edifícios comerciais e finalmente em prédios residenciais.

Até o final dos anos 1990, os sistemas em sua grande maioria eram compostos de sistemas hidropneumáticos com bombas e tanques.

A partir do início de 2000 iniciou-se a utilização de sistemas pressurizadores com bombas com motores elétricos com rotação variável. Neste instante houve um turnpoint, pois o argumento de que o sistema hidropneumático possuía baixo rendimento em relação ao sistema de bombas de recalque com caixas elevadas caia por terra, tendo em vista que com a possibilidade variar a rotação do motor, surgia também a possibilidade de ajustar a curva de rendimento.

Atualmente, a utilização de bombas com rotação variável já é bem aceita em prédios industriais e comerciais, porém nos prédios residenciais a utilização de sistemas pressurizados para água potável ainda é pouco utilizada, qual seria o motivo: insegurança, desconhecimento, custo ou barreira cultural?

Para elucidar dúvidas, faremos um demonstrativo comparando os prós e contras de cada solução técnica, conforme tabela a seguir:

  1. COMPONENTES DE CADA SISTEMA, INCLUINDO TODOS OS PRINCIPAIS SUBSISTEMAS ENVOLVIDOS:

 

  • Sistema Convencional

 

  • Caixa d´água inferior
  • Caixa d´água superior e barrilete hidráulico
  • Conjunto de bombas de recalque
  • Painel elétrico da bomba de recalque
  • Chaves de boias elétricas nas caixas inferiores e superiores, bem como, fiações e tubulações respectivas.
  • 1 barrilete de água potável para caixa inferior
  • 1 barrilete de água potável para caixa superior
  • 1 barrilete de sistema de combate a incêndio na caixa superior
  • 1 conjunto de bomba de recalque para combate a incêndio, com painéis elétricos, cabos elétricos e prumada desde a portaria até a casa de bomba no barrilete superior a prumada de botoeira para os últimos 12 pavimentos para acionamento da bomba de incêndio.
  • 1 conjunto pressurizador para abastecimento dos últimos 4 pavimentos com seu respectivo alimentador e quadro elétrico
  • 1 prumada duplicada para atender os últimos 4 pavimentos
  • Cabos de supervisão do status das caixas d´água indo até a portaria (caixa inferior e caixa superior)

 

  • Sistema Pressurizado

 

  • Caixa d´água inferior ampliada para conter todo o volume de armazenamento
  • Ausência de caixa superior
  • 1 conjunto pressurizador completo com painel elétrico e cabos de alimentação
  • Ausência de chaves de bóia com exceção para as boias de aviso de transbordamento
  • 1 barrilete de água potável na caixa inferior
  • 1 barrilete de combate a incêndio na caixa inferior
  • 1 conjunto de bomba de recalque para combate a incêndio e bomba jockey com painéis elétricos, cabos elétricos.
  • Caixa d´água superior e barrilete hidráulico
  • Supervisão da caixa d´água inferior e status das bombas de pressurização

 

Sistema Convencional Sistema Pressurizado

 

Para ilustrarmos com uma situação real, fizemos um comparativo entre um sistema convencional com caixa superior e um sistema pressurizado, em um prédio de apartamentos com as seguintes características:

Número de andares: 25 pavimentos tipos
Número de apartamentos por andar: 6 apartamentos
Número de quartos por apartamento: 3 quartos
Cômodos: 1 cozinha, 1 área de serviços, 1 lavabo e 2 banhos
População por apartamento: 5 pessoas
Consumo diário: 200 l/ dia
Consumo diário: 150 m3/ dia
Autonomia: 1,5 dias
Caixa superior: 90 m3
Caixa inferior: 135 m3
Bomba de recalque: 19 m3/ h x 98 m.c.a
Booster de pressurização: 30 m3/ h x 108 m.c.a
Rendimento de bomba de recalque: 55%
Rendimento do booster de pressurização: 68%

 

 

ANÁLISE DO CUSTO PARA VIDA ÚTIL DE 20 ANOS

 

Custo Sistema Convencional Sistema Pressurizado
Caixa d´água e fachadas superiores R$ 225.000,00 R$ 112.000,00
Bombas R$ 20.000,00 R$ 120.000,00
Instalações elétricas e hidráulicas R$ 105.000,00 R$ 65.000,00
Energia (20 anos) R$ 140.000,00 R$ 107.000,00
Manutenção de todo sistema, civil, elétrica e hidráulica (20 anos) R$ 240.000,00 R$ 120.000,00

 

VANTAGENS E DESVANTAGENS DE CADA SISTEMA

SISTEMA VANTAGENS OBSERVAÇÕES
CONVENCIONAL ·      A reserva superior garante uma autonomia em caso de quebra do sistema de recalque ou falta de energia ·      Normalmente esta vantagem não é percebida, pois quando é notada a falta d´água em caixa já se encontra vazia.

·      Olhando para um horizonte de 20 anos, a duplicação da caixa d´água e seus componentes elétricos geram necessidade de Retrofit bem maiores e bem desconfortáveis para suas implementações no futuro

 

PRESSURIZADO ·      Menor custo de implantação

·      Menor custo de operação

·      Eliminação da caixa superior liberando espaço para construção

·      Menor custo de manutenção em função do menor número de componentes

·      Eliminação de prumadas verticais de força e comando

·      Simplificação no sistema hidráulico que não possui caixa superior

·      Vida útil das bombas bem maiores que as bombas convencionais (12 anos)

·      Minimiza o problema de contaminação e limpeza

·      Sistema com menos caixas d´agua geram menor probabilidade de contaminação.

·      A questão de paradas por falta de energia é compensada pelo uso de geradores em quase 100% das edificações atuais

 

Concluindo, o sistema pressurizado torna as instalações prediais mais simples, mais econômicas, com custo de manutenção e de Retrofit menores, e aumento da confiabilidade pelo fato das bombas de pressurização possuírem vida útil maior e tecnologia avançada, acredito que já passou da hora do mercado adotar este sistema.

 

ENGº SERGIO KOITI KASAZIMA

SKK ENGENHARIA DE SISTEMAS PREDIAIS

Membro do Conselho da ABRASIP

Revista do Sindinstalação – Ano 2 – Edição 15 – Junho 2017

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